Este livro
foi o marco do início das ciências políticas visto que reúne experiências
diplomáticas do autor em diversas áreas relacionadas ao estado, como: dominação
de territórios, conquista de povos, formação e condução de exércitos, entre
outros assuntos.
É possível extrair conhecimentos desta obra para algumas
situações do Brasil atual em aspectos de liderança política.
Confesso que acabei lendo este
livro totalmente sem querer, durante um curso realizado em um centro de
instrução militar. Mas hoje, através deste artigo, consigo perceber como ele
foi importante para entender um pouco o que se passa no Brasil.
O nome Maquiavel atualmente
tornou-se adjetivo relacionado a pessoas que agem em prol de seus
objetivos por mais que suas atitudes possam não parecer as mais corretas. Isto
se deve ao fato da obra deste autor ter como principal característica a
dissociação entre moral e política, não sendo obrigatório o príncipe cumprir
seus deveres morais no intuito de conseguir seus objetivos até o ponto em que
isto não o atrapalhe.
Tal fato pode ser verificado, por exemplo, no capítulo V
onde o autor cita três modos de dominar uma província que vivia sobre suas
próprias leis: arruinando-a, habitando-a ou deixando a viver mas cobrando-lhes
impostos para isso. No que tange os impostos, nós brasileiros sabemos bem o
quanto isto é prejudicial à liberdade e impede que as pessoas cresçam e se
desenvolvam. Tal tática de aumento na cobrança de impostos também é citada por
Karl Marx no Manifesto do partido Comunista como uma estratégia para a
implantação do comunismo em países desenvolvidos.
No capítulo IX, é possível
obter ensinamentos que faltam hoje a alguns políticos brasileiros. Nicolau
Maquiavel menciona a forma em que o Príncipe chega ao poder sem crueldade (não celerado): pode-se chegar ao poder por meio do apoio dos grandes (oligarquias) ou pelo
apoio do povo (Governo Legítimo). Porém, o livro ressalta ainda dois pontos
importantes: os grandes fazem um príncipe para “desafogar os seus apetites” (satisfazer privilégios) enquanto o
povo faz de alguém príncipe para “ser
com autoridade seu defensor” e; “não
se pode com honestidade satisfazer os grandes sem oprimir o povo”.
É
surpreendente como é possível enxergar exatamente o que acontece no Brasil do
séc. XXI em um livro do séc. XIV. Vemos hoje, na pior crise de nossa história, uma
sequência de governos dos grandes, que rotineiramente aprovam leis para
benefício próprio, que se envolvem em esquemas de corrupção bilionários criando
rombos sem fim nas contas públicas, motivando a criação de mais impostos para
cobrir tais déficits. E nós, como povo, não temos mecanismos constitucionais
para barrar medidas parlamentares, ou fazer a nossa voz ser ouvida entre os deputados
e senadores.
Quando vemos políticos com mais de 90% de reprovação popular fazerem o que querem com o dinheiro público, percebemos que o “Príncipe
defensor do povo” ainda não existe no Brasil.
Ainda neste mesmo capítulo, o
autor menciona: ”Deve, portanto, alguém
que se torna príncipe mediante o favor do povo mantê-lo amigo, o que lhe será
fácil, pois o povo não exige mais do que não ser oprimido”. Opressão, uma
palavra largamente difundida hoje em dia, é atribuída aos entes errados. O
próprio povo, devido a ideologias propagadas por décadas em nossa educação
básica, não é mais capaz de perceber que o seu principal opressor não são os
grandes empresários, ou o homem branco, ou a religião cristã.
O principal
opressor do povo é o governo.
Por fim, deixo uma famosa
frase de Rui Barbosa, em visita ao então Presidente Delfim Moreira:
“Que
estranho país é o Brasil, onde até um louco pode ser presidente e eu não
posso.”
Artigo de Joel Pereira Anastácio
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