Não é
um artigo sobre política. É só um desabafo. Uma reflexão sobre a morte... e
sobre a vida.
Ultimamente tem se falado
muito sobre a morte trágica do ator Domingos Montagner, o Santo de “Velho Chico”.
Ele viajou para gravar algumas cenas da novela, foi tomar banho no rio e não
voltou mais. Não voltou mais. Eu não gosto de novelas e nem assisto, mas a
morte do ator me trouxe muitas lembranças.
Há exatamente um ano atrás minha
mãe estava internada no hospital correndo risco de morte e um mês depois, no
dia 12 de outubro, dia das crianças, ela se foi.
Ela não está mais na cozinha
fazendo comida e ouvindo rádio, não está mais se arrumando toda terça-feira
para ir à igreja, não está mais brigando comigo e implicando com meus
namorados, não está mais no sofá me esperando chegar da rua para poder ir
dormir na cama, não está mais sorrindo com os olhos ou resmungando pela casa quando
alguém faz algo que ela não gosta, não está mais brigando com minhas primas e tias porque elas estão usando blusa "tomara-que-caia", não está me perguntando mais se orei antes de sair de casa, não está fazendo o bolo de chocolate dela.
Ela não está mais aqui.
E assim se vão os dias...
Minha mãe foi embora. Ela morreu.
Mas como pode ser verdade? Minha
mãe só tinha 53 anos, eu só tinha 24. Não podia ficar sem minha coluna! Ela não
vai na minha formatura da faculdade? No meu casamento? Não vai procurar um
vestido de noiva comigo? Nem vai ver o nascimento do meu primeiro filho? Isso não
podia estar acontecendo comigo. Como eu vou conseguir amar alguém se a pessoa vai embora a qualquer dia, a qualquer momento?
Então, mais questionamentos
começam a surgir: será que fui uma boa filha? Ela tinha orgulho de mim? Será que
ela me perdoou por todas as vezes que brigamos quando eu era adolescente? Quem iria
orar por mim agora?
Às vezes, lá no fundo, achamos
que as pessoas são eternas, que sempre haverá um amanhã, uma segunda chance de
pedir perdão, de demonstrar o amor, de dizer “eu te amo”. Mas a morte é
certeira. Ela leva sem avisar. E, por mais que a gente brigue com Deus, reclame da vida, chore, grite, a morte leva e não devolve. As pessoas se vão.
Durante nossas vidas as pessoas vão morrer,
até chegar nossa hora de partir também para o desconhecido. E é diante da
morte, da dor da perda, que começamos a refletir sobre demonstrar mais amor, a
abraçar mais forte, a ficar mais tempo juntos com quem ainda não passou pelos
portões da morte, a ver mais o pôr do sol, a se importar menos com problemas
tão pequenos, a perdoar, a valorizar mais a vida.
A valorizar mais nossa mãe e
nosso pai.
A vida é frágil demais.
Mãe, sinto sua falta todos os
dias e sei que nos encontraremos na eternidade.
“Combateste o bom combate,
findou-se a carreira, guardaste a fé.”